
UM PERCURSO SOBRE EXPRESSIONISMO ABSTRACTO, ARTE CONCEPTUAL E MINIMAL
O longo caminho da emancipação da arte americana da Europa começou em 1913 com o Armory Show. Dezasseis anos mais tarde, em 1929 foi inaugurado em Nova Iorque o Museum of Modern Art (MoMA) com o intuito de revolucionar não só a prática museológica feita até então mas também impulsionar a prática artística americana, comprovada nos anos de 1930 com a emigração de numerosos intelectuais europeus para aquele país.
Os efeitos destes acontecimentos não se fizeram esperar quando em 1947 um artista, também ele de Nova Iorque tencionou colocar a tela no chão de modo a fazer pingar tinta de uma lata que ele previamente furara. Estava inaugurado, nesse momento, a emancipação da arte americana face à dependência das “escolas” Europeias e a sua posterior entrada de rompante na Europa. De facto, foi com Jackson Pollock que se deu início ao mito americano dos anos 50 e 60 com os consequentes prémios na Bienal de Veneza.
À corrente que agora se inaugurara deu-se o nome de Expressionismo Abstracto , sendo o seu principal objectivo o corte com a tradição. Contudo, este não é completamente abstracto, nem inteiramente expressionista. Trouxe, de facto, do surrealismo uma amálgama de ideias que se entrecruzam com a técnica dos automatismos e do acaso, levada a novos extremos agora denominados de “Action Painting”. Esta nova via, cuja designação é da autoria do crítico americano Harold Rosenberg no ano de 1952, defende que a tela surja como uma arena cujo espaço se abre á acção do pintor mas, mais do que um mero automatismo, esta acção deve ser interpretada como uma extensão da experiência do pintor que por seu turno se utiliza da técnica (Techné como génese da palavra Arte na língua grega) como uma aproximação de uma pintura com um substracto puro no ser – o âmago do homem no seu estádio mais criativo – e agir no sentido de acção que dá corpo à obra do artista por meio de um corpo que também é o seu. O Expressionismo Abstracto traduz a concretização da extensão dos limites do artista através do acto de pintar que por sua vez se concretiza num estado de ser / agir.
Esta noção de pintar enquanto ser, remete o campo pictórico para um conceito que irá ser desenvolvido nos anos de 1960, 70 e 80 naquilo que se irá chamar de Conceptual Art. Com as exposições em 1969 Konzeption / Conception ( Museu de Leverkusen – Alemanha) e em 1970 Conceptual Aspects (Cultural Center – Nova Iorque), estava inaugurado um período da arte que consiste fundamentalmente em três princípios: A arte consiste na ideia básica, à qual não tem de ser incorporada uma forma física; a linguagem torna-se o material básico da arte; a actividade artística torna-se num inquérito à própria natureza da arte. Deste modo, por arte conceptual entendem-se as obras que tendem a substituir a ideia ou o projecto à sua realização. Os principais vultos desta corrente artística são: Lawrence Weiner, Sol LeWitt, Joseph Kosuth, Bruce Nauman e Yves Klein.
Nos mesmos anos surge uma outra via distinta da arte conceptual, se bem que muitas vezes se possam confundir pelo facto doa artistas partilharem estas possibilidades artísticas. Falo de Minimal Art, termo empregue pela primeira vez em 1965 pelo crítico Richard Wolheim para designar, entre outros, os quadros negros de Reinhardt, considerado como uma das principais referencias desta arte que tem como principal objectivo o abandono de qualquer pretensão de expressividade ou ilusão. Sendo geralmente tridimensional, os artistas minimalistas optam por formas não estruturalmente geométricas, mas que são sempre simples. A execução é despersonalizada uma vez que são obras a maioria das vezes seriais, tendo a tendência para invadir o espaço obrigando o espectador a percorrer a sua envolvência.
As duas grandes exposições que consagraram a arte minimal foram: Primary Strutures (Jewiwish Museum – Nova Iorque) onde se destacam obras de Carl André, Dan Flavin, Donald Jud, Sol LeWitt e Robert Morris e Systematic Painting (Guggenheim Museum – Nova Iorque) onde se destacou Robert Mangold e Frank Stella.
AUTORA: ASSUNÇÃO MELO
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